Enquanto há vida há esperança
Tem dias que tudo parece um recomeço, mas no fundo, é só mais uma volta na espiral da vida.
Junho e julho me trouxeram de volta aquela falsa sensação de reinício que a gente costuma sentir só no réveillon ou no nosso aniversário. Mas a real é que esse recomeço não existe. A gente percebe que está preso numa rotina de trabalho, inteligência mediana, pouco dinheiro e muitas contas.
Hoje eu quero escrever sobre essa realidade sufocante que despeja sobre a alma o peso das responsabilidades diárias e a frustração de não ser quem a gente idealizou ser quando era mais novo.
Todos nós criamos na cabeça uma versão ideal de nós mesmos, aquela versão plena, esfuziante e realizada. Um ser abençoado que tem orgulho do reflexo no espelho e da conta bancária.
A gente percebe que não é o escolhido, nem especial, nem o futuro promissor que seus pais previam. Você entende que dificilmente vai salvar sua família da pobreza ou mudar o mundo.
É aí que o foco muda.
Você já não sonha em ser uma estrela do rock ou o nome do século. Você só quer paz. Quer tranquilidade. Contas em dia. Um relacionamento saudável com alguém legal. Um nome limpo no Serasa. Que seu ônibus passe no horário certo e que tenha um lugar na janela para você sentar. E um bolo formigueiro com café bem forte numa manhã de terça-feira.
E sabe o que é louco? Você fica grato por isso.
Segue na sua corrida para lugar nenhum, fazendo a sua parte para manter as engrenagens do mundo girando com a precisão de um Patek Philippe que você provavelmente nunca vai ter dinheiro para comprar.
A paz e a felicidade ganham outro significado. Estão ali, no sofá, dividindo o silêncio com quem você ama enquanto assistem vídeos aleatórios no YouTube. Enquanto isso, gente performando vidas perfeitas aparece na tela com seus jantares em restaurantes estrelados e viagens pelo mundo.
Mesmo assim, lá no fundo, você ainda guarda um fiapo de esperança. Um fiozinho teimoso dizendo que tudo pode mudar, tudo ainda vai melhorar, você vai conseguir.
E é esse fiozinho finíssimo e quase invisível que impede você de cair do penhasco.
É ele que te mantém aqui. Acreditando, em silêncio, que ainda há tempo pra ser quem você sonhou. Enquanto há vida há esperança. Na maioria das vezes isso é mais do que suficiente.
Um abraço e até o próximo post.
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