De Pato Fu a Jesus Culture: uma autobiografia mal acabada em áudio
Minha vida é um disco riscado dividido por faixas emocionais. Cada fase tem sua trilha, e cada trilha tem sua maluquice. E se tem uma coisa que me ajuda a lembrar de cada capítulo desse caos bonito que é viver, é a música. A memória pode até falhar, mas quando toca aquele som específico… puf! Volto direto para aquele lugar, com cheiro, sensação e tudo. É como se o cérebro tivesse um Spotify interno com playlists de cada fase.
Em 2008, eu tinha 21 anos e achava que era o dono do mundo. Nada me abalava, eu era tipo um super-homem de chinelo e regata. Nessa vibe me achei no direito de experimentar umas paradinhas, maconha, LSD… achei que ia expandir a mente e entender os mistérios do universo. Spoiler: odiei. Descobri que minha mente já era psicodélica o suficiente sem ajuda química. Essa fase doida ficou embalada pelo álbum In Rainbows do Radiohead e o disco da Amy Winehouse que tava explodindo na época. Aquela combinação de caos, beleza e auto sabotagem fazia todo sentido pra mim. Ainda faz, talvez.
A fase seguinte foi um plot twist: Comecei a frequentar uma Igreja Batista em 2009, por causa de um amigo, e me surpreendi ao descobrir que o rock cristão era real: Oficina G3, PG, Jars of Clay, Jesus Culture… guitarras distorcidas, bateristas enlouquecidos e gente chorando com as mãos pro alto. Era rock and roll, lágrimas e muita fé. Uma fase intensa, importante, que realmente mudou minha vida.
Fiquei na igreja por uns 10 anos, inclusive foi lá que conheci minha esposa, e este ano completamos 10 anos de casados. Mas hoje? Hoje não frequento igreja nenhuma e, sinceramente, não tenho vontade de voltar. Pode ser que amanhã eu acorde querendo, mas hoje? Tô fora. Tenho fé em Deus, muita, mas a instituição igreja perdeu o brilho pra mim. Assunto pra outro post.
Antes disso tudo, claro, teve a infância e a pré-adolescência. E como toda boa fase da vida, também teve trilha sonora. Minha mãe ouvia Marina Lima, Roberto Carlos, Tom Jobim, Gal Costa... um clássico atrás do outro. Acho que já falei disso aqui no blog. O primeiro show da minha vida foi aos 13 anos, Pato Fu no Fest Verão Macaé, região norte fluminense do Rio. Eu nem sabia explicar o que estava sentindo. Só sei que naquele dia virei fã do ao vivo. Do suor, da banda de verdade no palco, da música vibrando no corpo.
Não sou muito ligado em signos, mapa astral e etc… mas nasci em 15 de julho de 1987, então sou canceriano. E dizem que canceriano é apegado ao passado e à família. Coincidência ou não, eu sou exatamente assim. Junta isso com o fato de que fico emocionalmente abalado quando escuto certas músicas e temos aí uma bomba melodramática pronta para explodir.
Entrei tarde na faculdade, só aos 25, e me formei aos 29. Essa fase também teve trilha: Imagine Dragons, The Strokes e Twenty One Pilots. Hoje, com 37 anos, continuo vivendo com fones de ouvido enfiados na alma, mas quase sempre ouvindo “as músicas da minha época”. Raramente me empolgo com algo novo. A real é que eu me tornei aquele tiozinho que diz “as bandas de hoje não têm mais graça”. E quer saber? Tô em paz com isso.
E assim eu vou. Fase por fase, vivendo minha vida com trilha personalizada. Às vezes fico barrado na porta do show, às vezes estou na área vip com direito a participar da festinha pós show da banda. Mas sempre com o som no talo e fé no coração.
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Valeeeeuuuu! Abração do TH.