Casamento
Minha mulher e eu fomos ao casamento de um casal de amigos muito queridos. Era uma tarde fria e chuvosa em Blumenau, um dia comum no inverno catarinense, quando a previsão é sempre a mesma: sim, vai chover. As gotas caiam no plástico transparente da tenda armada para proteger os convidados e os noivos da chuva, enquanto o deck de madeira, pensado para a cerimônia a céu aberto, se molhava em silêncio.
A tenda acabou emprestando um charme inesperado. O som da chuva se misturava ao violino tocando Die with a Smile, de Bruno Mars e Lady Gaga, criando um cenário quase de filme para a entrada dos noivos. Dois jovens nos vinte e poucos anos, seguros de si, de suas carreiras e cercados pelos dachshunds mais paparicados que já vi. Amor puro, do tipo que a gente sabe que vai durar, mesmo com os desafios que o destino insiste em colocar no caminho.
Em um momento da cerimônia, o celebrante pediu para todos os casais presentes ficarem de pé, frente a frente, fechar os olhos e voltar no tempo: o primeiro encontro, o primeiro beijo. Na hora, o verão de 2013, em Cabo Frio, voltou com toda a sua intensidade, o calor, o cheiro salgado da praia, a pipoca do cinema e aquele frio na barriga que nunca envelhece. Lembrei, com carinho, da nossa trajetória como casal.
Depois, fomos para o salão fechado e mais quentinho, decorado com flores brancas (não me pergunte quais), muito verde e luzes por todo lado. No centro, uma pista de dança de piso transparente iluminado por leds, como se pisássemos num tapete de luz. Taças tilintando, risadas, garçons pra lá e pra cá entre mesas, flashes capturando cada detalhe da festa.
Ficamos até uma da manhã, entre mojitos, músicas dos anos 2000, doces e planos de viagem para Salvador com outros casais. Voltamos para casa exaustos e felizes.
Dizem que a gente não faz amigos no trabalho, mas eu discordo completamente. Dá sim para construir relacionamentos duradouros de amizade com pessoas que a gente conhece no trabalho, é o caso desse casal querido, nos conhecemos no ambiente profissional e, dois anos depois da minha saída da empresa, a amizade segue firme.
Celebrar o amor das outras pessoas é um lembrete de que a vida sabe ser generosa. Como diz Fernanda Torres: “a vida presta.”